O Rapaz que não soube ler seu manual
Ninguém sabe o quanto demorou
para que a cabeça dele começasse a imitar o comportamento das
outras pessoas quando está entre grupos ou até mesmo em situação
onde seria necessário uma pessoa normal agir diante os resultados
que possam acontecer.
Talvez para maioria das pessoas
possa achar que frescura o que ele sente quando está em contato com
outras pessoas, ou sua vontade de tentar saber qual a finalidade de
viver em sociedade, ou o vazio constante que ele tem em sua alma, que
o consome todos os dias, ou aquele assunto tão interessante que o
faz falar, que os outros acham chato.
Todas as regras parecem sem
lógica, assim como as pessoas e os sentimentos que lhe deixam
desconfortáveis nem a vontade para parecer um indivíduo menos
isolado. Todos tem ou tiveram um manual de instrução, menos ele,
tudo o que faz certo (as coisas e decisões para pessoas normais) é
uma simples imitação do que todos fazem quando estão em grupos ou
fazendo suas coisas como uma pessoa normal.
Uma coisa que o machuca muito, é
quando tem que conversar com outra pessoa eu outro fala frases que
contenham duplos sentidos ou figuras de linguagem ou que faça muitas
expressões faciais e gestuais, pois sua compreensão não é tão
boa quanto dos normais. É complicado ele manter uma conversa com uma
pessoa.
Ninguém o entende como ele é de
verdade, apenas é diferente. Quem sabe algum dia entendam sua
sensibilidade para alguns estímulos sensoriais, seu problema de
socialização, a falta de empatia para conversar, seu hiperfoco
noque está fazendo ou seu interesse por alguns assuntos específicos
e outros nem tanto.
Algum dia ele será compreendido
por não ser um monstro, mas uma peça de porcelana que deve ser
manuseada nas horas certas e de forma certa, pois ele precisa de seus
momentos solitários, não por ser solitário, mas por ter que
colocar sua cabeça no lugar e ter seu momento de autoconscientização
de que é uma pessoa igualmente as outras, somente que possui suas
próprias particularidades diferenciadas.
Alcenir Borges Sousa Júnior
Impressionante. Tudo isso acontece de fato, onde parece que em alguns momentos ninguém nos compreende, parece que vivemos em um mundo que não é nosso ou então não devíamos habita-lo e que temos que tentar constantemente acompanhar o movimento das outras pessoas, se não ficamos para trás...
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